Eu tenho fraquejado e perdido o ânimo de continuar tentando e ficado muito aquém das minhas forças e sido infiel aos ideais e objetivos de vida que abracei de livre vontade.
Eu tenho sido indeciso, preguiçoso e até covarde e tenho deixado o meu entusiasmo por qualquer pessimismo tolo e desistido frente às dificuldades mais simples e recuado diante dos menores obstáculos.
Eu tenho sido vulgar nas minhas queixas e ingrato com os recursos e talentos que a Vida me deu.
Tem me faltado fé e sobrado medo e tenho sido descuidado com os meus semelhantes, preconceituoso no trato, desconfiado nas relações, rude nas palavras, duro nos julgamentos, desamoroso, desatencioso e mau cobrando deles a compreensão que não lhes tenho dado e o reconhecimento que tenho lhes negado, a companhia que não lhes tenho feito, o apreço, o apoio, a solidariedade e o carinho que no meu egoísmo só eu me vejo precisando.
Eu tenho sido indulgente com erros, grosseiro e exigente com detalhes sem a menor Importância, tendencioso ao justificar minhas faltas e omissões e relaxado e tolerante com meus defeitos e vícios.
Tenho sido, na prática, o oposto do meu discurso.
Sei que tudo isso faz desmoronar a imagem de criatura perfeita que eu criei para mim nos meus delírios de onipotência.
Mas é também o reconhecimento sincero desses fatos que me leva a me perdoar e a prosseguir buscando o meu crescimento, pois eles são testemunha que eu tenho sido apenas o que eu sou: uma simples criatura humana.