Acusadas de serem “bruxas” e “macumbeiras”, elas são agredidas, chicoteadas e recebem golpes de facão, além da violência psicológica e todos os tipos de ameaças
Indígenas pastores neopentecostais estão invadindo aldeias dos guarani-kaiowá, em Mato Grosso do Sul, para atacar os moradores que não aderem à doutrina evangélica. Os principais alvos são as mulheres indígenas, guardiãs da cultura e da religiosidade de seu povo. Duas delas – Nhandesys e Nhanderus – foram brutalmente torturadas por pastores na aldeia Taquaperi, na região do Cone Sul, onde ficam muitas aldeias guaranis de Mato Grosso do Sul.
“A intolerância religiosa passou dos limites”, relata Jaqueline Gonçalves, uma jovem indígena. Ela conta que homens vestidos de “crentes” “dominados pela doutrina pentecostal avançam fortemente nas reservas Indígenas usando facas e chicotes para criminalizar o chamado ‘feitiço’”. Ela se refere às manifestações religiosas tradicionais dos indígenas, intoleradas pelos neopentecostais.
“Virou uma batalha espiritual”, prossegue a jovem indígena, acrescentando que os pastores e outros fiéis neopentecostais se negam a entender a crença e o processo histórico dos kaiowá-guarani. “[São] escravos da doutrina da igreja que os veste fisicamente e espiritualmente contra o nosso modo tradicional de ser”, acrescenta ela.
Conforme o relato de outro jovem indígena, que preferiu não se identificar, as mulheres, sobretudo as anciãs das tribos, são alvos dos “crentes” porque “elas são as principais defensoras dos valores culturais do povo guarani-kaiowá, incluindo as crenças ameríndias”. Por esta razão, acrescenta ele, as mulheres Nhandesys e Nhanderus, da aldeia Taquaperi podem não ser as únicas a estarem sendo atacadas nas aldeias do Cone Sul de Mato Grosso do Sul.
“Os intolerantes neopentecostais as tratam como bruxas, macumbeiras, feiticeiras, demônios e tudo de ruim. Elas são marginalizadas, humilhadas e torturadas na frente de todos na comunidade. Os pastores dizem que só assim elas deixam de defender a nossa religião tradicional e poderão ir para o céu”, relata o jovem indígena.
“Que tipo de religião é esta que não respeitam a dos outros e que em nome de Deus agredem as pessoas e torturam mulheres idosas e indefesas?”, questiona o jovem indígena.
Confira abaixo link da publicação de Jaqueline Gonçalves no Facebook, com vídeo das mulheres sendo torturadas e relato dela em texto:
https://www.facebook.com/jaqueline.g.porto/videos/10212517931742681/
Por: João Negrão
Fonte: https://muvucabrasilia